Família denuncia que homem em surto psicótico morreu após agressões policiais; veja vídeo

  • 04/06/2025
(Foto: Reprodução)
A Secretaria de Segurança Pública do Ceará informou que a Polícia Civil está investigando o caso e que somente após conclusão do laudo cadavérico será possível atestar a causa da morte. Família denuncia que homem em surto psicótico morreu após agressões policiais O servidor público Carlos Fábio Mendonça de Araújo, de 37 anos, faleceu na última sexta-feira (30) em Fortaleza após quase quatro meses internado. Ele estava hospitalizado em decorrência dos ferimentos que sofreu durante uma intervenção policial enquanto estava em surto psicótico. A família denuncia truculência na ação dos militares. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Ceará no WhatsApp O episódio aconteceu no dia 1º de fevereiro no bairro Conjunto Ceará. De acordo com a família, Carlos entrou em surto por acreditar que estava sendo perseguido. Ele saiu correndo pelas ruas do bairro e, nesse momento, pulou em cima de carro, agrediu o condutor do veículo e o filho do homem. A Polícia foi chamada para conter Carlos, que era lutador de artes marciais e não estava armado. Uma vez no local, os policiais da Força Tática foram filmados esmurrando, chutando e atirando contra o homem diversas vezes. A família afirma que o servidor foi atingido pelo menos 14 vezes por balas de borracha e ainda foi atingido por um tiro de arma de fogo em uma das pernas. Ele também teve o nariz quebrado durante o episódio. Após ficar imobilizado, Carlos foi colocado ensanguentado no porta-malas da viatura e levado à UPA do Conjunto Ceará, de onde foi enviado, com emergência, para o hospital Instituto Dr. José Frota (IJF). Na segunda-feira, 3 de fevereiro, ele foi transferido para um hospital particular, onde permaneceu até falecer. Enquanto esteve internado, Carlos chegou a ser denunciado pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) por agressão, dano ao patrimônio e por resistir às ordens policiais. O órgão também disse que três policiais foram agredidos no episódio. Com a morte de Carlos, o processo foi extinto. Carlos Mendonça teve episódio de surto psicótico e moradores chamaram polícia, que disparou diversas vezes Reprodução Carlos Mendonça trabalhava nos Correios e era pai de quatro filhos. Ele praticava artes marciais e cursava uma faculdade de Direito. Conforme a família, ele tinha suspeita de esquizofrenia e já havia apresentado episódios de transtorno de identidade e mania de perseguição. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Ceará (SSPDS) informou que a Polícia Civil está investigando as circunstâncias da morte e que somente após conclusão do laudo cadavérico feito pela Perícia Forense será possível atestar a causa da morte. O caso está a cargo do 12º Distrito Policial (DP). Também por meio de nota, a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) informou que instaurou procedimento disciplinar para investigar o caso na seara administrativa. Servidor acreditava que era perseguido O g1 conversou com a família de Carlos, que explicou que o homem fazia uso de medicação psiquiátrica e já havia sido internado duas vezes após episódios de surto. Eles contam que o problema começou há cerca de 4 anos, quando o servidor passou a acreditar que estava sendo perseguido e que haviam implantado um chip em seu cérebro. No dia 1º, ele voltou a ter um surto e saiu descalço e sem camisa correndo pelo bairro. Em determinado momento, ele subiu em um carro e começou a pular sobre o veículo. Quando o motorista desceu e tentou impedi-lo, teria sido agredido por Carlos. O filho tentou intervir, mas também foi ferido. Populares tentaram conter Carlos, que continuava a correr, desta vez em direção à casa da namorada. Eles acabaram acionando a Polícia Militar, que chegou à casa da mulher. Os agentes que foram ao local utilizavam farda da Força Tática - um grupo especializado que recebe treinamento extra para manuseio de armas letais e não letais e primeiros socorros. O servidor estava com uma moto, mas, conforme a família, estava sem a chave. Ele tentou subir na moto e dar partida, mas não conseguiu. Os policiais, então, ordenaram que Carlos deitasse no chão, mas não obtiveram resposta. A partir daí, começaram os disparos. Na denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), com base nos depoimentos dos policiais – Carlos não foi ouvido por estar internado em estado grave -, os militares afirmam que, ao chegar no local, foram atacados e que Carlos teria tentado tomar a arma de um deles. Vídeos mostram policial atirando à queima-roupa Na denúncia do MPCE, foi afirmado que os policiais dispararam apenas duas vezes - uma com arma não letal e outra com arma de fogo. O texto também fala que a composição precisou fazer uso da força para conter o homem. Uma série de vídeos gravados durante a intervenção e enviados ao g1 mostram que os policiais passaram a dar murros no rosto de Carlos, sem que ele reagisse nem descesse da moto. Na sequência, um agente passou a atirar utilizando uma escopeta com balas de borracha à queima-roupa, a menos de um metro do homem, que foi atingido nas costas. Carlos Mendonça levou vários tiros de borracha durante intervenção policial para contê-lo Reprodução Em determinado momento, o homem tenta sair do cerco policial, empurrando a moto, e os militares continuam a atirar. Em outro momento, ele é visto dando murros no assento da moto de um policial, e voltou a ser alvo dos tiros. Imagens captadas por testemunhas mostram diversos ferimentos nas costas de Carlos, além do corpo ensanguentado. Após cair no chão pelo tiro de arma de fogo na perna, ele foi contido pelos policiais. Ainda assim, um dos militares aparece dando chutes em Carlos, momento no qual o nariz dele teria sido quebrado. A cena também foi filmada por testemunhas. Em depoimento, os policiais envolvidos no caso afirmaram que dispararam depois que Carlos tentou tomar a arma de um dos militares e que o mesmo teria agredido com socos outro membro da composição. A reportagem não conseguiu obter nenhum vídeo que mostre Carlos agredindo os policiais. Prisão preventiva em hospital Depois de ser algemado pelos policiais militares, Carlos foi colocado praticamente desacordado na traseira da viatura e levado à UPA do Conjunto Ceará. Na unidade de saúde, a equipe médica constatou que ele estava em choque hemorrágico pela perda de grande quantidade de sangue. A UPA solicitou uma ambulância do SAMU para levar o paciente para o hospital IJF. A família afirma que tentou levar Carlos para um hospital particular no qual ele possuía plano de saúde, mas foi impedida pelos policiais, que queriam mantê-lo sob escolta no hospital público. No domingo, dia 2, houve uma audiência de custódia sem a presença de Carlos, uma vez que ele estava internado, e a Justiça decretou a prisão preventiva dele pelos crimes de ofender a integridade corporal de outra pessoa, dano a um bem alheio e por resistir às ordens da polícia. Ele acabou transferido para um hospital particular na segunda-feira, dia 3, onde permaneceu sob escolta e sem poder receber visitas da família devido à prisão preventiva. Ao longo dos meses seguintes, Carlos permaneceu entubado. Carlos foi contido por policiais e levado à unidade de saúde no Conjunto Ceará, em Fortaleza (CE) Reprodução Conforme familiares, seus pulmões tiveram uma série de ferimentos, causados pelo impacto dos tiros, e ele contraiu uma infecção bacteriana. Durante o período, ele não pôde ser alimentado por sonda porque teve o nariz quebrado. De acordo com o relatório médico feito após o óbito de Carlos, o servidor teve falência generalizada dos órgãos ocasionada por sepse grave (infecção generalizada) com origem no pulmão. Além disso, ele apresentava politrauma por agressões físicas e hemorragia no sistema digestivo. Após o óbito, o corpo de Carlos foi enviado para a Perícia Forense do Ceará, que fez a necrópsia e deve emitir o laudo cadavérico nos próximos dias. Família pede melhoria no protocolo policial Ao g1, a família de Carlos afirmou também que ele estudava Direito e tinha o sonho de prestar concurso para ser delegado de Polícia Civil. “A gente está muito triste por ter acontecido isso com as pessoas que ele tanto admirava. Ele queria ser um policial, ele admirava muito, porque ele tem muito amigo policial. A gente fica assim indignado”, afirmou uma familiar. Os familiares afirmaram que, inicialmente, não tinham interesse em denunciar a ação policial, mas que mudaram de ideia devido ao estado que o homem ficou após a intervenção. Eles questionam o porquê de policiais militares não terem à disposição dispositivos como armas de choque para situações de surto, como já ocorre na Guarda Municipal de Fortaleza. “Eu quero que o Estado prepare esses homens. Porque é a doença do século, e vai ter muito mais, gente. O Estado tem que preparar os policiais para saber agir com pessoas que estão em surto. Andar com uma corda, todos os policiais têm que andar com uma arma de choque”, concluiu. Assista aos vídeos mais vistos do Ceará

FONTE: https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2025/06/04/familia-denuncia-que-homem-em-surto-psicotico-morreu-apos-agressoes-policiais-veja-video.ghtml


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